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O batuque do samba pede passagem.29.04.15

Esse ritmo tão brasileiro ajuda a conhecer instrumentos musicais e as qualidades do som.

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Ao escutar um samba, é comum ver as pessoas batendo palmas ou os pés para acompanhar a marcação. Esse ritmo que conduz o movimento é o pulso (ou pulsação), constante e coordenado, que dá a base para a música. Com o objetivo de despertar os ouvidos dos alunos do 5º ano para ele e ampliar seus saberes sobre as qualidades do som, Tatiana Prado Massura Delfino, professora de Arte da EMEB Professor Nelson Neves de Souza, em Mogi Mirim, a 160 quilômetros da capital paulista, usou o samba em um trabalho que envolveu a escuta atenta, a exploração de instrumentos e a produção musical.

Para começar, ela perguntou quem sabia o que era samba. Muitos diziam conhecê-lo, mas não sabiam diferenciar os tipos e faziam confusão com o pagode. Tatiana fez um breve histórico do ritmo e, em seguida, tocou o samba de roda Pelo Telefone, de Ernesto Joaquim Maria dos Santos (1890-1974), e Exaltação à Mangueira, samba-enredo de Aluísio Dias (1911-1991) e Enéas Brittes (em gravação do Monobloco). A docente pediu que os estudantes prestassem atenção no ritmo e também nos instrumentos usados. “Já havia trabalhado com músicas que tinham a marcação em três e quatro tempos. Queria levá-los a observar que o samba é diferente, em dois”, explica Tatiana.

Eles constataram que Pelo Telefone era mais lento do que Exaltação à Mangueira e parecia ser executado com menos instrumentos. “Mostrei uma estética musical mais antiga, em que a forma de cantar, produzir e gravar era bem diferente.” Ela conta que os conceitos musicais – como ritmo, timbre, grave e agudo, forte e fraco – e as informações sobre o gênero foram trabalhados durante a fruição. “Ter como base a apreciação para ensinar a teoria é importante, pois da escuta e do fazer musical surgem questões e a busca pelas respostas”, afirma Tiago Madalozzo, professor de Musicalização Infantil e Piano, da Alecrim Dourado Formação Musical.

Tatiana colocou para tocar, ainda, um samba-rock e um pagode, para que a garotada pudesse observar as diferenças entre os estilos em termos instrumentais. Ela não trabalhou a letra das canções, pois queria que todos se concentrassem na parte instrumental. “Conseguir identificar as variantes rítmicas requer uma atenção maior, mais sensível. Estudar as letras antes poderia desviar a atenção da turma”, diz Madalozzo.

Hora de tocar de verdade

A garotada passou para a exploração dos instrumentos de percussão usados no samba, que Tatiana levou para a escola: tamborins, surdos, chocalhos, pandeiros, ganzás e um agogô. Ela pediu que observassem do que eram feitos e os sons que era possível tirar deles. Enquanto isso, fazia perguntas como: “O som é grave ou agudo?” e “Onde vibra quando você o toca?”. Os estudantes concluíram que o material usado e o tamanho do instrumento influenciavam no timbre e na altura do som. Há sites que reproduzem os sons de instrumentos usados por uma escola de samba, juntos ou separados. Madalozzo alerta que isso não substitui o contato pessoal, mas a alternativa virtual é válida para ampliar o conhecimento da meninada.

Na etapa seguinte, Tatiana contou que o timbre mais grave identificado nas músicas era do surdo, que dá a base rítmica ao samba, usada para marcar o tempo. Depois que todos o tocaram, nessa mesma marcação, a docente propôs que fizessem uma composição. Enquanto ela daria o ritmo em dois tempos no surdo, as crianças tocariam o tamborim com a baqueta apropriada, acompanhando uma frase escrita no quadro. “A cada sílaba, deveriam bater no tamborim”, explica. Para que todos pudessem participar, já que não havia instrumentos suficientes, fizeram primeiro com palmas e depois com copinhos de plástico duro. No fundo deles, a turma batia com palitos de algodão-doce envoltos numa mangueira de 1 centímetro de diâmetro. Na sequência, a garotada se revezou no tamborim.

Por fim, os demais instrumentos foram distribuídos para que os estudantes fizessem uma improvisação. Teca de Alencar Britto, dirigente da Teca – Oficina de Música, recomenda uma conversa para que todos reflitam sobre o que tocaram, se algum instrumento ficou muito mais alto que os demais e se havia harmonia, entre outros aspectos. “É ótimo quando o professor atenta para o fato de que os alunos têm de se relacionar e escutar o que está sendo tocado para desenvolver algo de qualidade”, diz.

No decorrer da sequência didática, Tatiana pôde ver quanto as crianças se apropriaram de termos musicais e conseguiram diferenciar ritmos e timbres. Elas também ampliaram o conhecimento sobre instrumentos de percussão e o repertório de gêneros que conheciam.

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