“A biblioteca que criei despertou nas pessoas o encanto pelos livros”24.03.15
“Foi a falta de acesso à leitura durante a minha infância que fez surgir em mim a motivação para criar uma biblioteca na EM Manoel Honorato de Souza, na comunidade rural de São Gabriel, a 482 quilômetros de Salvador. Ao ser convidada para dirigir a instituição, em 2013, me surpreendi ao ver que tudo o que havia ali era uma sala abandonada com um amontoado de livros didáticos. Não pensei duas vezes: redigi um projeto para construção da biblioteca e, em parceria com a prefeitura e o Instituto Brasil Solidário (que desenvolve ações de incentivo à leitura), a reforma do espaço aconteceu.
Houve uma grande união de esforços. Tão grande que, hoje, temos mais de 3 mil livros. O acervo é fruto de uma campanha de arrecadação que fiz com a comunidade e ONGs – que doaram, inclusive, alguns móveis e dez computadores. Eu me emociono sempre que me lembro de como a escola era e no que se transformou. Antes era morta; hoje é viva! A biblioteca está sempre muito movimentada. Todos os meses, recebemos cerca de 200 alunos, pais e membros da comunidade. Eles pegam exemplares emprestados, estudam e fazem pesquisas na internet.
Também implementei projetos de leitura por aqui. Um deles, voltado à Educação Infantil, prevê que as crianças manuseiem os livros e relatem as histórias da forma como foram entendidas. Essas contações estão sendo filmadas e serão exibidas à população e divulgadas nas redes sociais. Já para a comunidade e os estudantes do 1º ao 9º ano do Ensino Fundamental há a Maratona de Leitura, em que todos são desafiados a ler a maior quantidade de histórias possível no período de três meses.
Toda essa imersão no universo dos livros teve reflexo direto e quase imediato no desempenho dos alunos em sala de aula. A concentração que a leitura exige os fez muito mais atentos e menos dispersos. O resultado disso é que, focados, eles compreendem melhor os conteúdos trabalhados, não importa qual seja a disciplina.
É gratificante ver os moradores desse povoado rural, tão distante da capital e com acesso restrito à cultura, cada vez mais apaixonados pelos livros. Mas, apesar de todas essas conquistas, minha missão continua: quero estender o horário de funcionamento da biblioteca para os domingos, formatar mais projetos para a comunidade e, por que não, instituir um centro de cultura em São Gabriel.”
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